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Bullying nas escolas: abusos entre estudantes começam a ser combatidos e debatidos

Em todos os ambientes em que as pessoas se relacionam, o bullying pode estar presente, seja declarado ou disfarçadamente, em ambiente familiar, de trabalho, hospitais, estabelecimentos comerciais, fabricas etc., mais é constatado com mais evidência nas escolas. A expressão bullying, aportuguesada do inglês bullying, significa, em nosso idioma, “valentão”. Uma outra tradução livre, segundo Virgílio Tomasetti Jr., diretor-geral do Colégio Maxi, de Londrina-PR, é “atazanar”.

Acontece que pode haver nestas relações, uma pessoa forte ou que pelo menos demonstra ser, na ânsia de poder, de querer bancar o chefão. Assim, costuma o suposto mais forte, buscar uma ou mais vítimas através do seu domínio e poder, visando, tiranizar, maltratar, humilhar, ironizar, gritar. Enfim, ridicularizar uma pessoa diante dos colegas.

Pode ser um chefe de trabalho ou um patrão, colega de classe ou de escola, pessoas comuns, colegas de trabalho, sendo que os outros assistem a tudo passivos e não contestam, por medo de represálias, de perderem o emprego ou de também se sentirem inferiorizados. É o chamado espectador, que assiste à cena deprimente sem nada fazer, sem se manifestar, fingindo não ouvir, fazendo de conta que tudo está normal.

A partir do momento que o bullying começa a ser constatado e praticado, seja na escola, trabalho ou em qualquer ambiente de freqüência comum e constante pelas mesmas pessoas, independente de quem sejam os protagonistas, responsáveis pelos setores devem tomar providências para que essas atitudes sejam cessadas, sob o risco de ficarem fora de controle em pouco tempo. 

As conseqüências podem ser graves. Podem gerar conflitos, brigas, prejuízo das atividades e até crimes violentos. A pessoa que sofre esses abusos, durante anos, pode revoltar-se, ter um dia de fúria, sentimento de vingança e em gesto impensado pode passar de vítima a agressora. E o agressor ou agressores, outros que ignoraram o fato ou até se divertiam com ele, além de pessoas inocentes, podem se transformar em vítimas por freqüentarem aquele mesmo ambiente.

Alguns fatos ocorridos ao longo da história podem estar relacionados com esta prática: nos Estados Unidos, uma menina de 15 anos, Phoebe Prince,  veio da Irlanda para a pequena cidade de South, em janeiro deste ano, ela se enforcou depois de uma dura temporada sofrendo este abuso em sua nova escola. Nove alunos da South Hadley High School foram acusados de diferentes crimes contra a adolescente. Nos últimos tempos, nos EUA, na China, em países europeus, alguns estudantes, comprovadamente vítimas, tomaram atitudes drásticas, invadindo escolas armados e assassinando e ferindo professores e colegas. A repercussão foi tanta que os congressista americanos começaram  a debater uma lei antibullying. Na última quinta-feira (21), o Congresso dos Estados Unidos aprovou medidas que visam tornar crime esta prática.

No Brasil, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou, quarta-feira (20), uma cartilha para ajudar pais e educadores a prevenir o bullying nas suas comunidades e escolas. A cartilha, produzida pela psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Bullying-Mentes Perigosas nas Escolas”, será distribuída nas redes de ensino público e particular, além de conselhos tutelares e varas da infância e juventude.

É necessário que todos os envolvidos no processo educacional ou nos ambientes coletivos estejam atentos e elaborem planos de ação e combate ao fenômeno, procurando coibir certos tipos de brincadeiras constantes com uma mesma pessoa, normalmente comandadas por pessoas mais privilegiadas econômica, física ou socialmente. E desprovidas de valores e de caráter.

Nas escolas, por reunirem alunos de diferentes classes sociais, o bullying é mais comum do que se imagina. Apelidos comuns como “baleia”, “quatro olhos”, “magrelo”, “vareta”, “baiano”, ou mais ofensivos como “galinha”, “bambi”, “maria gasolina”, “passa-fome”, seguidos de atitudes como empurrões, chutes e puxões de cabelos, ou exclusão sistemática de grupos em brincadeiras e jogos esportivos, ocorrem todos os dias. Há também as represálias e perseguição a alunos esforçados, estudiosos, que trabalham para ajudar os pais etc. Não há como evitar isso em grupos de crianças, adolescentes e jovens.

O perigo é quando esta prática passa a ser direcionada a uma única pessoa, todos os dias, a toda a hora, todo o tempo: isso é bullying. É quando o diretor, professor, monitor e até o zelador da escola têm que tomar providências. Chamar a atenção dos “filhinhos de papais”, dos valentões, das “patricinhas”, das “dondocas” e dos arruaceiros, puni-los para repor a ordem e até expulsá-los são providências a ser tomadas. Esses grupos, geralmente há muito tempo na mesma escola, ao mudarem de instituição, vão entrar em outra onde não terão condição de se sentirem os donos.  

Estatísticas internacionais revelam que, em diferentes partes do mundo, de 5% a 30% dos alunos estão envolvidos nesse tipo de comportamento, o que prova que o fenômeno acontece em todo o planeta. No Brasil, o bullying nas escolas acontece com freqüência, mas ainda é tratado como tabu, com muitos diretores escolares evitando falar sobre o assunto.

É uma situação bem comum entre as crianças nas escolas. Quem não ouviu a história do menino tímido que usa óculos e vive sofrendo provocações e até agressões físicas do mais “fortão”?. O bullying está ficando cada vez mais serio é necessário que os profissionais da Educação e pais fiquem atentos e tomem providenciais nos primeiros sinais.

Segundo pesquisa realizada pelo Ibope, encomendada pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Aprapia), organização não governamental, dos 5.482 alunos da 5ª. a  8ª. séries de escolas públicas e particulares do Rio de Janeiro, ouvidos na pesquisa, 40,5% admitem ter sido vitimas de bulliyng.

Nenhuma escola pode ignorar tal ocorrência, comumente perceptível em seus domínios. Cabe aos educadores coibirem atitudes agressivas, protegendo tanto agressores como agredidos. De fato, ambos, agressores e agredidos, apresentam problemas psicológicos e se não forem tratados podem explodir desastrosamente, como mostra o documentário de Michael More, “Tiros em Columbine” ou então o filme “Elefante”, que trata desse tema.

O filme de More aborda o caso que ficou conhecido como “Massacre de Columbine”, em que os estudantes Eric Harris, 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, atiraram em vários colegas e professores do Instituto Columbine, no Condado de Jefferson, Colorado (EUA), matando 13 pessoas e ferindo 23. Os dois se suicidaram em seguida. Ficou confirmado que os estudantes planejaram a vingança por serem humilhados pelos colegas, principalmente pelos atletas de beisebol, futebol americano e basquete, que seriam privilegiados pela escola.

Algumas conclusões dão conta que o bullying é praticado para obter força e poder, obter popularidade na escola, esconder o próprio medo, amedrontando os demais, tornar as pessoas infelizes, já que ele próprio é infeliz, vitimar outras pessoas por ter sido vítimas no passado. Para as vítimas, recomenda-se evitar a companhia e quem pratica bullying ou dos chamados carrascos, jamais falar com o agressor sozinho, não responder as provocações, não manter as agressões em segredo, revelando a colegas e professores.

                                                        Helena Masuzaki

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
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