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Autoridades na contra-mão

              
        O Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), através da operação denominada 'Carta Branca', está desmontando uma máfia envolvida na venda de Carteira Nacional de Habilitação (CNH), a carteira de motorista. O núcleo central da máfia foi detectado em Ferraz de Vasconcelos, mas existem suspeitas de que a quadrilha tenha ramificações nas Ciretrans (Circunscrições Regionais de Trânsito) de outros 37 municípios, a maioria da Grande São Paulo. Um levantamento elaborado em fevereiro pela Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), a pedido do Departamento Estadul de Trânsito (Detran), coloca 38 Ciretrans  e 416 auto-escolas e Centros de Formação de Condutores (CFCs) sob suspeita.
 
       Vinte pessoas, entre delegados, investigadores, funcionários públicos e donos de auto-escolas estão presas e outras 23 tiveram a denúncia criminal do Gaeco aceita pela Justiça.
 
       Pelos números e pela abrangência, estamos diante de uma máfia gigantesca. Que haviam esquemas de auto-escolas com funcionários de departamentos de trânsito para a emissão de carteiras de motoristas sem os exames e procedimentos necessários, mediante pagamento de propinas, isso
há muito tempo se sabia, mas que esse esquema contava com a participação de policiais e atingia tal volume, sabe-se agora. Nesse caso apurado em Ferraz de Vasconcelos, as carteiras eram emitidas para 'motoristas' de outros estados e para pessoas sem condições de passarem nos exames e até analfabetos.
 
       Investigações policiais à parte, surge assim uma inevitável associação: o assustador número de acidentes de trânsito que ocorrem no Brasil, nas regiões urbanas e nas estradas, com milhares de mortos e feridos. Os balanços de fim-de-semana, principalmente nos feriados prolongados, revelam um número altíssimo de acidentes, com uma média de 50, 60 vítimas fatais. No último período de Carnaval, por exemplo, esse número ultrapassou 150 e nas festas natalinas do ano passado beirou os 200.
 
       Principais causas dos acidentes apontadas pelas autoridades: irresponsabilidade dos motoristas, imperícia, desobediência à sinalização, alta velocidade, consumo de bebidas alcoólicas e má condição das estradas.
 
      Com exceção das estradas em má condição, que é um fato, todos os outros ítens indicam que no volante desses veículos acidentados poderiam estar condutores despreparados para dirigir e, como o número de emissão de carteiras 'vendidas', como se apura agora, é incalculável, pode-se perfeitamente fazer essa relação.
 
      Na verdade, o Brasil vive uma triste realidade: a corrupção, que infesta o topo dos governos, passa de forma avassaladora pelas casas legislativas e vem respingando nos últimos tempos até no Poder Judiciário, corre solta nas autarquias que deveriam administrar a segurança, a saúde, a educação e o bem-estar do cidadão.
 
      Cidadão que paga altíssimos impostos para manter governos que, cada vez mais, exalam podridão por todos os lados e vê, todos os dias, denúncias de que autoridades atuam na contra-mão das necessidades da população.
 
MOACYR CUSTÓDIO

 
 
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