Treinadores relataram os cuidados que estão tendo com a
equipe nessa quarentena e como estão conseguindo se manter financeiramente
nesse momento de crise
Rosângela Oliveira
Jornal São Paulo Center: Na sua opinião qual foi o impacto da quarentena no esporte?
Treinador: Rubens Trindade/ Foto: Arquivo pessoal
Rubens Trindade: Foi muito prejudicial, pois afetou os atletas,
treinadores, diretores, massagistas, fisioterapeutas e a todos que fazem parte
da área de esporte.
Fabio Martins: Na minha visão o impacto foi devastador, pois
muitos dependem dos jogos de futebol, vôlei, etc. Quem nunca comeu um churrasquinho na porta do
estádio? Creio que os efeitos serão irreversíveis, mas ao mesmo tempo creio e
espero que tudo volte ao normal.
Edelson Oliveira: Olha é
uma questão muito delicada, logo se trata de vidas e sabendo que as vidas são
muito importantes, consequentemente o impacto vai ser enorme, não só no futebol,
mas em todas as modalidades esportivas.
Reginaldo Costa: Na minha opinião foi um
impacto muito devastador, não só no esporte, mas na economia global em todos os
aspectos. Esperamos que tudo volte ao
normal, o mais breve o possível.
Alberto Hadad: O impacto foi muito grande, pois o esporte
move um cunho social, dá oportunidades aos garotos, interage e move empregos. A
equipe de profissionais que trabalham com o esporte também movimenta o sistema
econômico, exemplo: transmissão dos jogos, pois gera receita para a televisão,
os clubes, etc. O choque ocorreu nos projetos
de cunho social, amador e profissional.
Jornal São Paulo Center: Como está conduzindo seu time nessa quarentena?
Rubens: Procuro conversar e orientar a equipe pelo WhatsApp
e outras redes sociais.
Treinador:Fabio Martins/ Foto: Arquivo pessoal
Fabio: Tento tomar o maior cuidado com a vida dos atletas. Sempre vejo seus exercícios físicos para
manter a forma física, sei que perderão muito nesta parte, mas o importante é
prevenir lesões futuras.
Edelson: Estamos voltando aos poucos, com toda
proteção do departamento médico, com as medidas protetivas, cada um treinando
com distância de um para outro assim como foi
repassado pelo órgão da saúde.
Reginaldo:
Conduzindo da melhor maneira possível, todos os jogadores
estão fazendo um trabalho individual, passamos um trabalho mais técnico e eles
fazem o funcional a sós em casa. Estava elaborando um trabalho para os atletas, mas infelizmente com essa
pandemia, vamos ter que aguardar o retorno para voltar aos trabalhos. Espero que volte ao normal o mais rápido
possível!
Alberto: Tivemos o cuidado de encaminhar materiais
para os jogadores se movimentarem, pois eles têm algumas metas que tem que ser
cumpridas. Estou fazendo o possível para que os atletas não fiquem parados.
Jornal São Paulo Center: Quais cuidados você está tendo com a equipe nessa quarentena?
Rubens: Solicitei que todos fiquem em casa, se caso
precisarem sair usar a máscara, e se higienizar com água, sabão e álcool em
gel.
Fabio: Pelo fato de não podermos nos
reunir estamos focando na prevenção de lesões, pois a parte tática será
recuperada logo.
Treinador:Edelson Oliveira / Foto: Arquivo pessoal
Edelson: Estou
tomando todos os cuidados possíveis. Oriento
que façam o uso do álcool em gel e respeitem o isolamento social.
Reginaldo:
Faço a manutenção de alguns atletas via online e eles
fazem o funcional deles. Passo um
trabalho e monitoro cada atleta. Infelizmente
não é como estar presente no dia a dia, mas é uma maneira de interagir e
acompanhar um pouco o atleta, tirando ele de uma situação de conforto.
Alberto: Devido à situação que estamos vivendo, temos
que ter muito cuidado com a imunidade dos atletas, levando sempre em
consideração a carga de trabalho que tem que ter uma dosagem específica, sem
exageros, para que facilite e fortaleça a imunidade deles. É valido destacar que é preciso que os esportistas tenham uma boa alimentação,
hidratação e repouso. Os atletas estão
em casa, mas precisam tomar muito cuidado com essas questões.
Jornal São Paulo Center: Como você está se mantendo financeiramente
nessa quarentena e quais dicas para ganhar dinheiro você dá para treinadores
que estão desempregados no momento?
Rubens: Vivo com as economias que guardei. Não tenho dicas, não tem o que fazer, nosso
trabalho é coletivo. Os atletas e
comissão técnica não tem o que fazer.
Fabio: Olha essa é uma questão difícil, aqui em casa
temos uma pequena produção de pipocas gourmet e brigadeiros gourmet e Deus nos tem
abençoado. Para os que estão
desempregados é hora de se reinventar, usar a criatividade e ir em busca de
novas oportunidades.
Edelson: Olha
estamos no meio de uma pandemia global, isso afeta a todos, mas dá para
ministrar aulas individuais para atletas que estão parados.
Treinador: Reginaldo Costa/ Foto: Arquivo pessoal
Reginaldo: Nesse momento de crise,
infelizmente está difícil ganhar dinheiro, primeiramente não dá para você fazer
uma aula funcional para um atleta, está sendo muito difícil, mas estou
sobrevivendo com umas economias que eu tinha guardado. Aconselho a alguns treinadores que mantenham
a calma, pois sabemos que em breve isso vai passar, mas se tiver alguém que
faça trabalhos na área digital, também é uma forma de ganhar dinheiro.
Alberto: Tenho um planejamento orçamentário que já
faço há algum tempo, então eu venho sempre tendo uma reserva prudente, defendo a
organização financeira. Eu particularmente não estou encontrando dificuldades, sei que muitos neste
momento de crise estão encontrando alguma dificuldade, mas eu particularmente
não estou. Minha dica é que sempre
possamos buscar outras alternativas fora do futebol ou que de alguma forma
esteja ligada ao esporte. Não podemos ficar presos só ao futebol, temos que levar em consideração que é
uma profissão muito inconstante, pode ser que em algum momento sejamos
surpreendidos com algo semelhante ao que estamos vivendo hoje e com certeza está
sendo muito difícil.
Jornal São Paulo Center: Você está enfrentando alguma dificuldade
nessa quarentena? (Se sim, qual?)
Rubens: Dificuldades sempre temos
com quarentena ou sem, para quem trabalha em times considerados pequenos o salário
é pouco para sobreviver.
Fabio: Para ser bem sincero só sinto a falta de
estar em campo, na maior parte do tempo gosto de estar em casa com minha
família.
Edelson: Não poder dar um abraço que sempre gostei de dar.
Reginaldo:
A dificuldade nessa quarentena que mais estou enfrentando
é não poder ir trabalhar, pois infelizmente é uma quarentena que vai completar
3 meses sem futebol, é muito difícil. Para
nós que vivenciamos e amamos o futebol, se deparar numa situação como essa em
casa é muito desagradável. Procuro estar
sempre estudando, buscando aprender a cada dia para o tempo passar mais rápido.
Treinador: Alberto Hadad/ Foto: Arquivo pessoal
Alberto: Todos estamos de alguma forma tendo
dificuldades, isso é natural, em diversas áreas, mas se houver um planejamento
que é o meu caso, iremos sofrer menos. Não
é o que está acontecendo comigo, estou sofrendo menos diante de tudo isso.
Jornal São Paulo Center: Como recomeçar após essa quarentena? (O que
você recomenda?)
Rubens: Muita Humildade e sempre
acreditar que sem Deus não somos nada.
Fabio: É preciso recomeçar, mas tomando os devidos
cuidados.
Edelson: Olha todo recomeço é complicado,
principalmente após uma pandemia dessa magnitude e com uma relevância muito alta,
logo se envolve o financeiro, que é a maior dificuldade da maioria dos clubes,
principalmente os considerados pequenos.
Reginaldo:
O que recomendo após essa quarentena, é equilíbrio, é o
time não fazer loucuras, pois todos sabem da situação do país, e infelizmente
não vai ter tantos investidores para investir no futebol, então tem que ter
prudência. Já os times que são medianos
e tiverem mais um pouco de planejamento, eu acredito que tem tudo para fazer um
bom trabalho e saírem vencedores.
Alberto: Devido a algum tempo parados praticamente
vamos voltar à estaca zero, lembrando que foi feito um trabalho para os atletas
desenvolverem em suas casas, mas acredito que vamos voltar quase zerados. Precisamos tomar medidas de precaução e reforçar hábitos de higiene. O esporte está voltando de forma gradual é
preciso respeitar todas as orientações constituídas desse país. Dificilmente um atleta amador ou profissional
voltará em grau considerável, tanto fisicamente, tecnicamente, e
psicologicamente falando. Não só os
atletas, mas a comissão técnica em geral. Fomos muito afetados, também no nosso emocional.